Para ler, refletir e despertar...



OS SONHOS



Todo mundo tem um sonho, um ideal, uma conquista que gostaria de realizar. Acredito que na infância, quando ainda somos puros e inocentes, esse sonho seja o verdadeiro sonho. Depois, à medida que vamos crescendo, somando responsabilidades e nos contaminando com o mundo capitalista, esse primeiro sonho vai ficando esquecido, enquanto gastamos energia em busca de outros sonhos que nos são apresentados e alimentam essa versão superficial e materialista que o mundo tenta impor a todos nós. Seja um emprego com boa remuneração, embora não combine em nada conosco; seja uma faculdade de carreira promissora que os nossos pais sonham que façamos, mesmo que não corresponda aos sonhos de quando ainda não tínhamos idéia dos valores materiais. Dessa forma vamos atropelando e deixando para trás nosso sonho de criança... Puro e desinteressado.


A boa notícia é que, embora esse sonho seja negligenciado e esteja distante, em algum lugar dentro de nós ele grita e tenta chamar nossa atenção.



Enquanto estamos envolvidos em algum projeto que “aparentemente” nos satisfaz, não percebemos esse clamor. Mas o tempo vai passando, o projeto que nos trazia satisfação vai perdendo o encanto, pois não era profundo e sua satisfação é fugaz, então buscamos outros em sucessivas tentativas.
O tempo vai passando... Algumas pessoas se deparam com seu verdadeiro sonho e o realiza. Estes se tornam seres realizados tomando posse de uma felicidade plena. Independentemente de sua situação financeira, estão felizes. Gozam de boa saúde, pois todas as células de seu corpo estão em harmonia. E como uma bela sinfonia, sem desafinar, eles compõem belas melodias que irão refletir em sua aparência externa. Podemos identificá-los por sua vitalidade, o brilho no olhar, a pele macia e aveludada, o corpo harmonioso e a voz serena. Esse é o resultado da alma que transborda.





Entretanto a maioria das pessoas não dá atenção a essa voz interior, que a chama para seu sonho e tenta despertá-la para sua verdadeira essência. Ficam distraídas com as conquistas materiais, mas não as preenchem por completo, como já disse, são conquistas transitórias que logo são substituídas por outra e por outra, arrastando os indivíduos para as frustrações, sensações de vazio, desilusões.
As células do corpo desses seres não estão em harmonia, por essa razão, correm grandes riscos de adquirir diversas doenças, que a própria ciência admite estar relacionadas com o estado mental do indivíduo. Somos nós que causamos, inconscientemente, nossas doenças físicas. Fazemos isso quando tentamos “encaixar” nossas vidas em padrões convencionais que nem sabemos quem os padronizou. Afinal quem os padronizou? Quem são essas pessoas? O que pensam? Como se comportam? Quem são eles?


Afinal, se esses padrões fossem realmente o mais adequado, não deveríamos estar vivendo num mundo mais harmônico, povoado por seres realizados e plenos?
Se eles formam a maioria, e formam, pois somos guiados quase que em transe para obedecer a esses padrões, o rumo da História do Planeta, se esses padrões fossem o mais adequado, não deveria estar em harmonia?
Você percebe alguma harmonia em devastar o planeta inconsequentemente? Você percebe alguma harmonia em obter poder e dinheiro sem base na ética e na moral? Que valores são esses camuflados nesse padrão convencional? São perguntas que devemos fazer a nós mesmos!

Para ajudar a encontrar respostas eu recomendo que leiam a respeito dos grandes pensadores, filósofos, cientistas e todos que de alguma forma norteiam essas questões, de forma a abrir um leque de opções mais sublimes.
Abram suas mentes para o conhecimento e fujam da prisão da ignorância que arrasta a todos nós. Devemos buscar, ou mesmo criar, modelos mais sublimes para nos inspirar e obter acesso a um crescimento interior e consequentemente exterior.

À medida que for aprofundando seus conhecimentos vai perceber certa solidão. É claro! Lembra que a maioria segue o padrão? Então... Você vai ficar fora da maioria... À margem... Sentindo uma solidão... Não desista, procure os seus pares para se fortalecer, tente encontrar um grupo que compartilhe com suas idéias. Talvez o Greenpeace ou a Sociedade Protetora dos animais, não sei qual grupo você vai se identificar, mas com certeza você vai saber que encontrou quando sentir uma satisfação interior ao conhecer o desenvolvimento do trabalho e das idéias desses grupos.
Enquanto não encontra seu lugar no mundo, não tente se enquadrar no padrão. Não tente ser ou fazer o que de fato não é e não concorda. Será uma violência contra si mesmo. Não faça concessões, seja leal a você mesmo. Com o tempo vai perceber que muitos se afastaram de você ou você se afastou de alguns, simplesmente porque não concorda com suas idéias, está mais seletivo e exigente com as companhias, não se interessa por discussões inférteis.

Estou apenas convidando você a questionar... Questionar seus sentimentos, suas propostas, o que pensam seus amigos... Você concorda com eles ou está fazendo concessões para se enquadrar? São apenas questionamentos... Está feliz com sua profissão, seu relacionamento? O quanto está se violentando para manter uma situação infeliz? Você tem medo de mudanças? Está preparado para mudar? Quais sentimentos norteiam suas ações?

Os questionamentos irão conduzi-lo às respostas que tanto precisa. O importante é não deixar de questionar.

É impressionante o número de cientistas, filósofos e outros pensadores que simplesmente não aceitaram os padrões convencionais, puseram-se a questionar e em decorrência disso fizeram descobertas extraordinárias. Muitos foram, inicialmente, criticados, rotulados de loucos, outros foram até condenados à morte, mas hoje suas convicções, que tanto causaram escândalo, são verdades e até padrões convencionais.

Livros de Filosofia abrem um universo de interpretações à cerca da existência. Biografias relatam conflitos até das mentes mais brilhantes. O conflito interior é uma característica do ser humano que pensa e questiona, buscando respostas e soluções.



“Não imploreis aos deuses impotentes;
é em vós mesmos que deveis procurar o que
é preciso para a vossa libertação. Cada
homem constrói sua própria prisão.”

Sidarta Gautama, O Buda




Particularmente penso que absorvi muitas idéias e pensamentos através da leitura, assim como adquiri muitos outros questionamentos, de maneira que me faltava algo com o qual pudesse colocar tudo em prática e funcionar efetivamente em minha vida. Na realidade, o conhecimento é apenas uma porta, o caminho é vivenciar, e a qualidade da vivência é definida pela forma com a qual aplicamos nosso conhecimento diante dos acontecimentos.

Outros fatores de ordem psicológica são determinantes na qualidade de vida. A forma como o mundo lhe foi apresentado, como foi orientado a enfrentar os desafios e os estímulos que contribuíram para a formação da sua personalidade são obstáculos que devemos vencer.

Adquiri-se certa vantagem quando admitimos nossas fraquezas e cuidamos para que ela não seja o motivo de nossas derrotas. Para admiti-las é imprescindível o autoconhecimento.


Por diversas vezes minha insegurança derrotou-me. Eu sabia que deveria enfrentá-la... Em muitas noites adormeci pensando nisso. Tenho por hábito, ao deitar-me à noite para dormir, fazer uma pequena reflexão dos últimos acontecimentos, só então vou dormir.

Uma noite tive um sonho muito interessante, relacionado com a minha insegurança, que resultou no projeto desse livro.

Sonhei que havia escrito um livro de auto-ajuda e conquistado significativo número de leitores. Era noite de autógrafos e eu estava feliz em ver que minhas idéias eram compartilhadas pelas pessoas ali presentes.

Ao acordar desejei estender ao máximo aquele sentimento de felicidade. Fiquei pensando no sonho e fui arremessada a um passado distante. Lembrei-me que era ainda muito criança quando manifestei a vontade de ser escritora. Vontade essa que com as circunstâncias e o tempo foram ficando no fundo de um baú, no porão do inconsciente. Era o meu sonho de criança... Puro e desinteressado. Senti um aperto no peito. Não foi um sonho comum. Emergiu do inconsciente. Por isso dei-lhe muita atenção.

O conteúdo do livro surpreendeu-me, pois fazia referência ao imaginário infantil. Inicialmente fui capaz até de soltar gargalhadas, e pensar como era ridículo. Só em sonho faria tanto sucesso... Mas pensando bem... Não é que faz sentido!




“Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor.”

Goethe



O livro convidava o leitor a fazer uma experiência para vencer suas inseguranças. Confeccionar uma roupa, como os super-heróis possuem, e ao utilizá-la imediatamente ficaria dotado de poderes. A princípio a idéia pareceu-me absurda, mas analisando com mais cuidado... Comecei a tecer uma análise a respeito, que gerou efetivamente esse livro. Enfim, decidi dar a devida atenção a meu sonho, tornando-o real.

A roupa teria que ser confeccionada estritamente para esse fim. Não precisa ser igual a do Batman ou da Mulher Maravilha. Pode ser algo mais discreto. Um sobretudo seria perfeito.

Pensei num sobretudo pela sensação de proteção que ele suscita. Calma... Não tirem conclusões apressadas, não vamos sair por aí escalando edifícios... Vamos apenas soltar a imaginação e a criatividade (fazíamos isso tão bem quando crianças! Por que ficamos tão rígidos?).


É claro que o sobretudo, enquanto apenas uma roupa, não nos daria nenhum poder. É apenas um símbolo! E como tal, deve adquirir um significado especial. A sua mente fará o verdadeiro trabalho. Na realidade o poder sempre foi nosso, está dentro de nós, o que faremos é usar o sobretudo para abrir essa porta da nossa mente.





Para quem tem problemas de insegurança pode ser uma saída estratégica. Teria que testar essa teoria em mim mesma, antes de apresentá-la aos leitores, que assim como eu, estão ávidos por soluções.


Perceba que já fazemos isso inconscientemente. Quando colocamos óculos escuros, por exemplo, não é só para diminuir a luz!


Por que as roupas são os objetos mais procurados para elevar a auto-estima?


Aprofundando a análise da relação que as pessoas possuem com as roupas vamos nos surpreender ao saber que, inconscientemente, gastamos uma considerável quantia em dinheiro com roupas para manter um padrão que foi incutido em nossas mentes, e também para impor respeito perante as pessoas. Percebo determinadas situações em que as roupas alteram o comportamento daquele que me vê. O pior é que funciona assim... Mas até certo ponto.


Até o ponto em que atingimos determinado estado de consciência, no qual concluímos que o respeito se dá em conseqüência de atitudes e não de aparências. Nesse momento também fica claro que não precisamos da aprovação dos outros. Estaremos tão plenos em nós mesmos que a opinião alheia realmente não importa. Será o fim de toda a necessidade de “parecer” respeitoso pela roupa que se veste, porque será naturalmente respeitado.


O respeito será conseqüência de um comportamento consigo mesmo. Você se respeita, se admira, está pleno e não precisa de aprovação. Será livre para usar a roupa que desejar, não precisa dela para esconder sua insegurança. Seu caminhar será seguro e imponente mesmo estando de camiseta, bermuda e chinelos. Esse comportamento virá de dentro do seu íntimo, por isso é verdadeiro, se reflete na face, nos olhos, no caminhar.


Naturalmente as pessoas a sua volta vão perceber, admirar e invejar, mas que ironia, você já não se importa. Está em outro estado de consciência. Está tão pleno que não sintoniza com escala de valores. Será naturalmente tolerante com aqueles que ainda se encontram acorrentados a valores aparentes, escravos de suas ilusões, pois saberá que já fez parte desta prisão e o quanto foi doloroso e difícil vence-la.


Também saberá que é um aprendizado solitário, cada um tem seu tempo e seu modo para despertar da ilusão que encarcera o ser humano a valores que o destroem. E pasmem, muitos morrerão sem nem sequer saber do que estamos falando.


Pessoalmente minha batalha está no meio. Meu ser interior anseia por liberdade, minha consciência desperta lentamente, porém ainda encontro dificuldades oriundas da minha insegurança. Estou exausta com essa luta entre o eu interior individualizado e o exterior pressionando para continuar prisioneira.


Imaginem... Ter a consciência do que o meio pode fazer a você e ainda assim não conseguir vencê-lo! É extremamente conflituoso. Ao menos já tenho conhecimento de que essa luta existe e se faz necessário um forte combate. Mas nem sempre eu fui assim...