Capítulo 6

A DEPRESSÃO






Depressão é, na maioria das vezes em que ocorre, uma doença da alma que se desenvolve a medida que nos afastamos de nós mesmos em busca das solicitações externas. Quando se esgotam todas as possibilidades de nos iludirmos com as mais variadas formas que encontramos, e nesse ponto somos muito criativos, de fugir de quem realmente somos, e se ainda assim não tivermos consciência de quem somos, ficamos num estado de ser sem lugar. Não estamos mais satisfeitos com o que somos, nem com o que fazemos, mas não sabemos exatamente o porquê, nem o que fazer. Não sabemos conscientemente, pois o inconsciente já sinalizou diversas vezes e de n maneiras diferentes, só que não demos a devida relevância.


O que fazíamos com tanta destreza já não supre nossas reais necessidades, já não traz felicidade nem paz, pois as necessidades são outras, mais verdadeiras e profundas, por isso mais difíceis de serem identificadas e aceitas.


Se nesse momento, ao invés de seguir o fluxo das mudanças com tranqüilidade e equilíbrio, a única saída que o indivíduo encontra é resistir às mudanças, lamentar seu destino, ter pena de si mesmo, achar que Deus o esqueceu e que o mundo é um lugar terrível, desencadeia-se uma série de outras sensações como dor, culpa, mágoas, tristeza, desânimo e outras sensações negativas que vão distribuindo mensagens negativas por todas as células do corpo, causando uma deficiência de vigor, um esgotamento. E, como uma planta que vai secando e definhando, poderá extinguir sua vida num último suspiro, sem ter se dado qualquer oportunidade de aceitar o convite em assumir sua verdadeira personalidade, sua essência bela e harmoniosa, ainda que para isso tivesse que lutar contra tudo e contra todos, seria melhor morrer lutando do que morrer sucumbindo. Bastaria um olhar mais doce sobre si mesmo...


“O olho é a lâmpada do corpo. Se teu olho é bom, todo o teu corpo se encherá de luz. Mas se ele é mau, todo teu corpo se encherá de escuridão. Se a luz que há em ti está apagada, imensa é a escuridão.”

Jesus, o Cristo



Posso descrever porque estive lá... No buraco profundo e escuro em que direcionei minha mente. Não aceitando o fluxo natural dos acontecimentos e das mudanças, dei início a um processo que me atirava cada vez mais para o fundo da escuridão, alimentando sentimentos de culpa por ter feito ou deixado de fazer alguma coisa - esse é um dos mais terríveis - dúvidas, medo, mágoas, revolta, angústia e tudo o mais... Meu corpo acompanhou atento e obediente. Senti que minha energia vital se esgotava a cada dia, meu rosto obteve uma expressão cadavérica. Percebi as pessoas se afastarem de mim como se portasse uma doença contagiosa, o que de fato é verdade, por isso não as condeno.


Assim como a alegria e o amor são contagiantes, os sentimentos negativos também o são. E o que vale para o conjunto de sentimentos positivos, com relação a atrair a energia positiva, alcançar e se manter conectado com a Energia Inteligente e Criadora, ocorre na proporção inversa para aqueles que estão envoltos de pensamentos e sentimentos negativos. Atraem para si o mesmo padrão vibratório de energia negativa que estiverem sintonizados, se afastando do fluxo da Energia Criadora.


Em última análise, minha depressão se deu em função da resistência a uma mudança de visão e de posicionamento na vida, que pressenti, mas não concluí. O que deveria ocorrer fluidicamente e em harmonia, de acordo com o fluxo, no momento em que resisti e me revoltei dei início a um redemoinho de oposições que culminaram na depressão. Durou o tempo necessário até concluir que a mudança ocorreria, de uma forma ou de outra, de forma harmoniosa ou dolorosa. Coube exclusivamente a mim, decidir seguir o fluxo de forma harmoniosa ou resistir e sofrer.


Seguir o fluxo da vida é como estar navegando num rio. Remando a favor da correnteza não terá que fazer esforço, enquanto que navegar contra a correnteza é desgastante e inútil.


A diferença entre seguir ou não seguir no fluxo, envolto e conectado com a Energia Inteligente e Perfeita é apenas na maneira em que vamos passar pelos acontecimentos que se sucederão em nossas vidas, principalmente aqueles que não aceitamos.


Uma vez que a vida é fluídica, tudo está em constante mudança. Nada é fixo. Nós é que demoramos a compreender essa visão. Não aceitar esse fluir, não aceitar que as mudanças são ciclos inerentes a todo ser vivo é a causa de todo sofrimento.


Estar no fluxo conectado com a Energia Criadora é estar receptivo as boas influências, com a percepção aberta para ver e ouvir, através de “insights”, sonhos, intuições, sinais, sincronicidades e várias outras formas que a Energia Criadora dispõe para sinalizar e indicar as soluções mais perfeitas para lidar com todas as mudanças e tornar a vida mais harmoniosa.


Os problemas virão com certeza, mas os que estão envoltos por essa energia compreenderão que afinal não são problemas, são ensinamentos. Um ato de transformar o trágico em experiência purificadora. E principalmente perceberá que não está sozinho... Tem todo o Universo conspirando a seu favor... Você tem noção do que significa possuir todo o Universo conspirando a seu favor?


Pense nisso...






“Se vives de acordo com as leis da natureza, nunca serás pobre; se vives de acordo com as opiniões alheias, nunca serás rico.”


Séneca




“A mais bela e profunda emoção que se pode experimentar é a sensação do místico. Este é o semeador da verdadeira ciência. Aquele a quem seja estranha tal sensação, aquele que não mais possa devanear e ser empolgado pelo encantamento, não passa, em verdade, de um morto. Saber que realmente existe aquilo que é impenetrável a nós, e que se manifesta como a mais alta das sabedorias e a mais radiosa das belezas, que as nossas faculdades embotadas só podem entender em suas formas mais primitivas, esse conhecimento, esse sentimento está no centro mesmo da verdadeira religiosidade. A experiência cósmica religiosa é a mais forte e a mais nobre fonte de pesquisa científica. Minha religião consiste em humilde admiração do espírito superior e ilimitado que se revela nos menores detalhes que podemos perceber em nossos espíritos frágeis e incertos. Essa convicção, profundamente emocional na presença de um poder racionalmente superior, que se revela no incompreensível universo, é a idéia que faço de Deus.”


Albert Einstein